Como atuar nas adequações dentais para as restaurações cerâmicas na Odontologia digital?

Nos últimos anos estamos acompanhando as intensas transformações na Odontologia, provocadas pela introdução de novas tecnologias e ferramentas na área clínica e laboratorial. E, também no nosso vocabulário, que pode impactar positiva ou negativamente na comunicação com o paciente, na apresentação do tratamento proposto.

Notaram a abordagem, onde escrevo “adequações dentais”?

Na Odontologia contemporânea, essas “adequações dentais”, termo que tentamos substituir ao “preparo dental”, geram muitas dúvidas no Cirurgião-Dentista, sobre como atuar frente a determinadas situações clínicas.

Deve-se considerar a real necessidade da adequação do remanescente dental, a qualidade e quantidade do substrato remanescente, o padrão oclusal do paciente e o material restaurador a ser empregado.

O enceramento digital 3D, seja empregando softwares CAD/CAM ou softwares gratuitos , com as informações faciais e escaneamentos intra-orais, criam o  projeto das restaurações , possibilitando confecionar guias de silicone, que auxiliarão as análises finais das adequações. Assim, o clínico saberá onde está e onde deverá chegar.

Vale salientar, que para realizar tais procedimentos, necessita-se de instrumentos específicos e obrigatórios como: utilização de multiplicador elétrico, o qual possibilita maior controle da remoção de tecido dental e menor injúria aos tecidos moles circundantes; instrumentos cortantes rotatórios diamantados com diferentes formatos, diâmetros, com granulações finas de boa qualidade; instrumentos cortantes rotatórios multilaminados; pontas abrasivas de acabamento e polimento; discos de lixas para arredondamento de ângulos vivos; sonda milimetrada para conferência das espessuras necessárias.

Por muitos e muitos anos, nossa preocupação era situar a margem dos trabalhos metalocerâmicos dentro do sulco gengival. Atualmente, quando nos deparamos com remanescente escurecido, necessitamos também situá-lo intrassulcularmente, o que acarretará em um afastamento gengival mais efetivo e cuidadoso.

Mas, atenção! Fator de suma importância para as restaurações cerâmicas adesivas é onde posicionamos o término das adequações. A situação ideal é o término supra-gengival ou em nível gengival, facilitando a tática operatória e afastamento gengival, otimizando o escaneamento intra-oral, a inspeção do trabalho restaurador, fixação final e manutenção pelo paciente.

O êxito da restauração final, executada em fluxo total digital ou por meio de moldagem convencional, mas processada digitalmente , devemos estabelecer:

  • margem cervical definida, seja chanfro largo, chanferete ou ombro arredondado
  • ângulos externos arredondados , devido à limitação imposta pelo diâmetro e comprimento das fresas no processo CAM, podendo produzir peças com assentamento incompleto e margens desadaptadas
  • espaço interolculsal de 1,5 à 2,0 mm
  • adeauções com 8 a 10 graus de angulação, obtidas com pontas diamantadas tronco-cônicas
  • superfícies lisas e polidas

A tecnologia ou ferramenta digital única e exclusivamente, não valida a excelência das restaurações indiretas. Devemos entender que os conceitos básicos do que sempre denominamos “preparos dentais”, mantém sua importância em trabalhos com tecnologia CAD/CAM, nos permitindo vencer os desafios e usufruir dessas encantadoras ferramentas.

Uma contribuição da Profª Dra. Regina Fernandes

  • Profª Dra. do Departamento de Materiais Dentários e Prótese, FORP-USP
  • Doutora em Reabilitação Oral pela FORP-USP
  • Especialista em Prótese Dentária
  • Vice-Coordenadora do Curso de Especialização em Prótese, FORP-USP
  • Vice-Coordenadora do Curso de Especialização em Implantodontia e Prótese FORP-USP Atuação em Clínica Particular

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