A área da odontologia evoluiu de forma bastante acentuada nos últimos anos. Boa parte dessa evolução ocorreu graças às novas tecnologias e às técnicas desenvolvidas em busca de um sorriso mais bonito.
Uma dessas técnicas é conhecida por cimentação. Esse procedimento restaurador está relacionado à prótese odontológica, além de outras áreas da odontologia estética, e pode ser realizado com os mais variados materiais restauradores utilizados por clínicos, laboratórios e profissionais especializados.
Com o crescimento do uso da cimentação resinosa adesiva, é possível notar algumas diferenças principalmente relacionadas à quantidade de desgaste dental nos preparos cavitários: enquanto antes buscava-se confeccionar preparos que proporcionassem uma maior retenção friccional (considerando que os cimentos “convencionais” de outrora não possuíam a chamada “adesão química” ou aderência adequada ao dente ou à estrutura protética), o que se nota atualmente é uma redução ou até a eliminação do desgaste dental através da união química efetiva entre dente/cimento e cimento/material restaurador (desde que este também possua essa propriedade).
As técnicas utilizadas para este processo de cimentação adesiva em sua totalidade costumam ser extremamente sensíveis e exigem conhecimento técnico e material / instrumental adequados.
Obviamente o preparo prévio do dente (através da profilaxia com agente não oleoso, como pedra pomes) é fundamental. O dente deve ser condicionado com ácido fosfórico 35% (tempo maior em esmalte do que em dentina, ou até mesmo apenas em esmalte caso seja utilizado um adesivo autocondicionante) e a peça cerâmica com ácido fluorídrico (cuja concentração e tempos dependerão da cerâmica ácido-sensível a ser trabalhada).
A seleção do sistema adesivo é fundamental para o sucesso do procedimento, sendo hoje a seleção de adesivos autocondicionantes com maior carga uma excelente opção ao ser associado à técnica de condicionamento seletivo do esmalte e IDS (Immediate Dentin Sealing) para redução das possibilidades de hipersensibilidade pós-operatória.
Após o condicionamento com ácido fluorídrico, a peça cerâmica deve passar por um novo condicionamento com ácido fosfórico 35% para eliminação de impurezas superficiais provenientes do condicionamento prévio e posteriormente tratada com um agente silano. A seleção de um cimento apenas fotopolimerizável ou dual dependerá, também, da modalidade e espessura da peça. Peças mais espessas não permitem total passagem da luz, requerendo um novo mecanismo de ativação de polimerização químico (duais). Já peças mais finas que permitem uma boa passagem da luz, podem ser cimentadas com agentes apenas fotopolimerizáveis sem riscos.
Existem hoje no mercado cimentos resinosos autocondicionantes, que dispensam o condicionamento ácido do dente e a utilização de agentes adesivos. Estes cimentos têm como vantagem um menor grau de sensibilidade dentinária pós-operatória.
Já os sistemas cerâmicos à base de alumina e zircônia não podem ser condicionados com ácido fluorídrico e, portanto não requerem necessariamente cimentação adesiva. Na verdade, ao contrário das porcelanas feldspáticas, devido ao seu alto desempenho mecânico, a cimentação adesiva é desnecessária do ponto de vista estrutural, porém podem ser cimentadas dessa forma usufruindo dos benefícios de utilização de um cimento de menor solubilidade e melhor viscosidade (cimento resinoso)
A cimentação de coroas totais cerâmicas de alumina ou zircônia pode ser feita com cimento de fosfato de zinco, ionômero de vidro ou com cimento de ionômero de vidro reforçado com resina. Para restaurações parciais, onde é necessária uma qualidade estética do cimento, podemos optar por cimentos resinosos, mediante somente jateamento da peça e tratamento do dente preparado, segundo o protocolo exigido pelo cimento resinoso, porém não podemos contar com a efetividade da adesão do cimento à restauração, mas com a retenção do preparo dental.
Contribuição com informações complementares: Prof. Ms. Glauber Rama